Uma mão desabrida e sem pudores na postura do
recolhimento, a pintura acentua o debate entre nós e a tela. Mas,
apesar disso é ela que responde no isolamento ás formas mais livres
até aí ocultas dos outros e muitas vezes de nós próprios.
Para quem começa, difícil é o trilho da aprendizagem, do labor, do
amor, da segurança, das certezas.
O importante é que o artista faça um diálogo sincero e entre no
mundo que o rodeia com sensibilidade.
Mid representa essa sinceridade e essa simplicidade. A sua
figuração discreta entra facilmente em comunicação com o
observador. A procura incessante em cada obra, de transpor ou
adicionar o que ficou para trás, faz com que a linguagem plástica
assuma sem rodeios a busca constante e poderosa de quem - embora
principie - não teme o resultado final.
Por outro lado, a utilização da cor é feita sem medos, e as cores
fortes e plenas - talvez resultado de memórias ocultas de
africanidade expressam uma mão desabrida e sem pudores.
Acredito que esta sua primeira exposição, marcará uma etapa fértil
no mundo das artes, e espero sinceramente que o caminho árduo que
todos os artistas percorrem a partir da sua forma de expressão, não
esmoreça o que lhe vai na alma.
Teresa Roza d'Oliveira
(sobre a arte de Mid na galeria Espaço2)